Rita Lopes Pires | 2024-10-20

Paulo Rosica, transformar o Barro em Arte

Depois de trabalhar em Publicidade, formou-se em Cerâmica na ArCo - Centro de Comunicação e Artes Visuais, em Almada, onde hoje é professor de Roda de Oleiro. Paulo Rosica, além de ser uma das pessoas responsáveis pela criação dos workshops de Cerâmica na Malhadinha Nova, também participou num projeto muito especial relacionado com o barro da Herdade. Conversámos com o ceramista a este propósito e não só.

Em que consistiu o projeto de trabalhar o barro/ argila da Malhadinha Nova? Como foi esta colaboração e quais os desafios ao desenvolver este projeto?
A Rita (Rita Soares, CEO da Herdade da Malhadinha Nova) participou num workshop comigo, e desde o início eu percebi nela um entusiamo pela cerâmica igual ou até mesmo maior do que o meu. Ela partilhou a sua ideia de desenvolver algo que envolvesse a cerâmica na Herdade. Começámos por elaborar algumas atividades e workshops para serem realizados com os hóspedes. Organizámos e criámos um atelier e também fizemos uma pesquisa a respeito do solo na Herdade. Recolhi amostras em locais diferentes, trabalhei essas amostras e afinal, o barro ali recolhido acabou por se mostrar adequado para a cerâmica. A intenção é que o barro utilizado nesses workshops e atividades seja também coletado e preparado na Herdade, o que vai muito ao encontro de todo o trabalho aqui desenvolvido, de um contacto mais estreito com a natureza e com a produção local.

A cerâmica pode ser vista como uma forma de meditação ou introspeção. Como trabalha esse aspeto nas suas aulas, seja nos workshops ou na Ar.Co?
A cerâmica, como qualquer forma de expressão artística, requer sim um longo processo de formação e prática. Entretanto, o simples contacto com o barro, mesmo que sem grandes conhecimentos técnicos, tem um poder de libertar a criatividade das pessoas que sempre me impressiona. Talvez por isso eu goste tanto de trabalhar com aqueles que nunca tiveram essa experiência antes. No meu trabalho eu tento passar o mínimo de técnica necessário para se conseguir trabalhar o barro, mas, o mais importante é estimular a liberdade criativa de cada um. Claro que na ArCo, o trabalho é muito mais focado na técnica, mas nos workshops procuro sempre deixar os alunos livres para explorarem os limites do barro e das suas próprias ideias.

Como variam os workshops quando são realizados em diferentes contextos, como na cidade ou em ambientes rurais? Há uma diferença na abordagem ou no impacto criativo dos participantes?
Acredito que sim. Estar imerso num ambiente como a Herdade já proporciona, por si só, um estado de espírito diferente, mais relaxado, mais livre e, por isso mesmo, mais inspirador, mais criativo.

Como é o processo criativo de desenvolvimento das suas peças? Que tipo de técnicas ou abordagens utiliza?
O meu trabalho é maioritariamente desenvolvido na Roda de Oleiro, que é onde eu sinto uma maior conexão com o material de trabalho. O meu processo criativo não segue regras muito rígidas. Por vezes é executado de maneira extremamente calculada e planeada, mas também tem momentos de absoluta liberdade, algo como deixar o barro ‘falar, se expressar’.
Tenho a Natureza como uma grande fonte de inspiração e tento trazê-la ao meu trabalho através das suas texturas e cores. Para isso, gosto de misturar diferentes barros, de diferentes cores, costumo agregar materiais orgânicos de maneira a conseguir diferentes texturas.

Onde podemos encontrar e adquirir as suas peças?
Atualmente tenho trabalhos expostos e à venda no “Studio Cecília Lara”, em Xabregas (Lisboa) e que possui uma loja online, no “Atelier Mestres 1A”, em Campolide (Lisboa), e também na loja da Herdade da Malhadinha Nova.

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