Mário Laginha, o renomado pianista e compositor português é conhecido pela sua versatilidade e talento no jazz. Com uma carreira marcada por colaborações de destaque, especialmente com a cantora Maria João, Laginha combina influências de jazz, música clássica e música tradicional portuguesa, criando um estilo único e inovador. A sua habilidade de improvisação e composição, aliada a um profundo senso de melodia e harmonia, faz dele uma figura proeminente no cenário musical contemporâneo em Portugal e internacionalmente.
Conversámos com Mário Laginha a propósito do concerto de piano, Chopin, que se irá realizar na Herdade da Malhadinha Nova a 2 de Outubro.
1.Como se sente por tocar num local tão singular como a Herdade da Malhadinha Nova? A paisagem e o ambiente influenciam a sua performance de alguma forma?
Quando os lugares são especiais, e a paisagem e o ambiente são nisso fatores muito relevantes, é mais provável que os momentos se tornem especiais. Aquele concerto, com aqueles músicos e aquelas pessoas não se repetirá, isso é seguro. Basta o público ter essa perceção para sentir que o momento foi único, e essa é a minha esperança.
2.Este concerto tem alguma particularidade em relação a outros que já realizou? Há algo especial que o público pode esperar?
Este concerto tem uma característica muito incomum. O público poderá ouvir cinco peças de Chopin, sempre na sua versão original, inicialmente, e depois numa versão livre no universo do Jazz. Garanto que é muito pouco provável que já tenham assistido a um concerto com estas características.
3.Qual foi o critério para a escolha do repertório para este concerto? Há temas que dialogam particularmente bem com o ambiente da Herdade?
Este é um concerto à volta da música de Chopin. A sua música é incrivelmente inspirada e só pode dialogar bem com um local tão singular como a Herdade da Malhadinha Nova.
4.Como compositor, onde encontra inspiração atualmente?
Atualmente e sempre, em tudo o que me rodeia. Vai da música que gosto às pessoas que gosto, àquilo que observo, à beleza (e ausência dela) que o mundo nos oferece.
5.Este concerto terá a particularidade de ter como cenário uma instalação de Manuel Aires Mateus. Como descreve a conexão entre a música e outras formas de arte, neste caso a arquitetura?
O nosso olhar tem sempre uma enorme influência naquilo que sentimos. Não me parece possível que o ato de fazer ou de ouvir música não se relacione com o espaço que nos envolve. No caso de um cenário feito por Manuel Aires Mateus - um arquiteto que eu admiro há muitos anos - a fruição da música, quer pelos músicos quer pelo público, só pode ser generosamente ampliada.